A perturbar-me a noite


Bem... Não foi tanto tempo assim. Sabe como é... Deu vontade, daquelas repentinas – passo horas pensando nisso – de escrever diariamente aqui. Só pra mim, mesmo. Esses dias andei lendo matinalmente o Airton Monte; é constante seu questionamento: O que escrever? E começa o exorcismo... Exorcizo-me então, ora pois. Não escrevo crônicas em datilografos, como muitos, nem tenho um quarto reservado para isso, quem sabe um dia, mas tenho tirado bons proveitos de recursos digitais em quarto alheio. Confesso estar sentindo um regalo de namorado quando sente que conquistou, naquele milésimo de constatação – valeu a pena, tudo tudo. E com a mesma cautela de namorado que quer conquistar, busco uma palavra melhor ali, ajeito uma período aqui, inclusive este, recém remodelado, e vou percebendo quão gostoso – e trabalhoso- é escrever. Quando se está pela metade - sim, claro que pretendo escrever o dobro disso - pensa-se em tudo ao mesmo tempo, de um novo começo a um estranho desfecho, sem se contentar com rima paupérrima em prosa. A todos, digo-lhes que pensem muito bem antes de tomar por ruim um escrito, qualquer que o seja. Pobres daqueles que perdem sonos e sonhos, que substituem obrigações, que se deixam levar pelos impulsos de esconjuros relatados e caem em alcova de não-compreensão. Consigam considerá-los admiráveis antes mesmo de lê-los e percebam que quem escreve escreve apenas uma minuta, daquelas cheias de dedicação, cheias do que entender... do que decifrar. Compadeçam diante de tanto descaramento, porque escrever é soltar ladros na calada, a desassossegar e alterar sentidos de sentimentos. A noite é insistente, sempre foi.

P.S: Àqueles relatores de diários, de semanários ou até, como eu, de blogs por muito tempo desatualizados. Àqueles contadores de histórias. Àqueles que não têm vergonha de contar. Àqueles outros que lêem e escutam aqueles.

Um abraço.