Corre, Regis. Corre, mancho!

Dormir bem; abrir a janela; encandear-se com a luz; sentir o vento; não pensar em mais nada a não ser calçar a chinela de dedo, colocar a prancha no carro e correr.



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Decurso
E então?


Bênçãos arrancadas

Agarrou o livro e folheou as primeiras páginas. Pensei que pela primeira vez:
- Leu? - perguntei mesmo assim.
- Já li algumas coisinhas. Essas que você deixa soltas sobre a mesa antes de sair.
Nunca imaginei que meu desleixo com os papéis provocasse nela ímpetos positivos.
- Eu gosto do que você escreve - ela disse num tom tímido, emotivo - É coisa triste, mas, do jeito que tá escrito, nem parece.

Instruções para plantar um trevo

Acorde cambaleando, mas desperte a ponto de recobrar os sentidos e as lembranças. Pronto. Já pode abrir o presente. Da caixinha, sai jarro, terra, quatro sementes. O exercício deve ser moroso: para cada item, um pensamento. Pôr a terra, furar a terra, cobrir a semente com a terra. Quatro vezes. Até que fique só os olhinhos a respirar. Água só o suficiente. Lugar fresco e arejado, como todo bom lugar. Fotografar a cada movimento. No futuro, as imagens em sequência passarão como num filme.







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Decurso
Fincando minhas expectativas em jarrinhos miúdos de belos.
Regando sempre que posso.
E esperando. Sempre e paciente.


Por um Triz


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Decurso
"Diz se é perigoso a gente ser feliz"


Nem eu mesmo sei de que

Não carecia dizer coisa alguma
Nem tratados
Definições tampouco

O que somos?
Ora, o que somos!
Que importa?

Se recostas discreta e singelamente
E as mãos se fecham
As minhas com as tuas

Se da minha boca
Tua boca cala
E passeia sobre mim
Sobre cautelosos suspiros

Se dos caminhos que percorres
Teu corpo se refestela
Inda me provocas
Com teimosias e evocações

Quero ser pelos sentidos
Pêlos teus e pêlos meus
Entrelaçados
Emaranhados

Não por bocas alheias
Expectativas alheias
Olhares alheios

Meus anseios
Teus anseios
Nossas esquisitices

Tudo sempre
Nada mais