Vastos e Imperfeitos...



As vastas emoções e pensamentos imperfeitos que gravitam sobre os sonhos deste personagem me impressionam, assim como tudo de Rubem F. Compartilho, então. Deleitem-se e degustem sem parcimônia:


"Acabei dormindo. Foi assim o sonho: Uma mulher vê televisão sem parar durante quase meio século, filmes dublados, televisão sem parar durante quase meio século, filmes dublados, telejornais, novelas, publicidade, entrevistas com idiotas, tudo enfiado no seu crânio. Centenas de vezes muda de vestido, de cara e de voz, de maneira de falar, de sabão em pó, de desodorante, de cigarro, de margarina. Diz: 'Já não corro nos intervalos para fazer pipocas ou fuçar a geladeira'. Agora nem se levanta mais. Estende a mão, apanha uísque ordinário, o gelo na caixa de isopor. Suaves são as cores da indiferença: ninguém mais manda nela."
(Rubem Fonseca, in Vastas emoções e pensamentos imperfeitos)
E aí? Algum reflexo?

Vinte uma perdas respiratórias...

Primeiro o espanto. A vontade de correr quilômetros. A corrida anima, provoca-me o regresso sem medo das perdas. O fôlego me passa despercebido, não consigo encontrar. Ar: preciso de. Dor: crônica. No vayas. No vayas. Dê-me sopros. Espíritos. Espécies diversas deles. Enfim, a brisa, regalo. Enfim, o começo.



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Decurso
Não, minha respiração já não é mais a mesma e a taquicardia sempre me obriga a lembrar de arroubos de outrora.