Dos mais variados frios
Das mais variadas experiências sensoriais
Das faculdades mentais devidamente exercitadas
Não há mais explicação
Não há mais
Só desejo.

Faltou ar...


asfixia
(cs) sf (gr asphyxía) 3 Falta de ambiência moral para o exercício de certas faculdades ou franquias.

(Dicionário Michaelis)


- Lembra?
Fez que sim com a cabeça, ostentando um sorriso elegante.
- Era estranho, né?
- Era bom.
- Era errado ou indeciso?

- Certamente indeciso, incertamente errado.
A concordância o fez perder palavras.

Homenzinho de bolsos e...

Há um homenzinho diferente, de hábitos peculiares e de difícil entendimento. Resguarda-se quase que integralmente, prevê seus atos, calcula antecipadamente o tamanho de suas palavras com uma régua que carrega em sua mochila. Cada palavra, uma medida. É nesta mochila, por sinal, inseparável às suas costas largas, que ele guarda segredos e surpresas. Mas não se engane. Ele mesmo não se engana. Seus atos e palavras são bastante falhos, embora previamente organizados. Sua régua é feita de tecido elástico, com marcações à mão de caneta tinteiro, e o homenzinho é desastrado em suas tarefas mais banais, como andar, segurar objetos, desviar dos mesmos. Ele canaliza as idéias, organizadas nem sempre, numa parte estratégica do seu cérebro e depois as separa, educadamente, em cada bolso, segundo qualidade, cor, tamanho e destinatário. Muitas vezes se perde por lá, maravilhado que fica, de modo a perder certos sentidos temporais e espaciais. O homenzinho se vislumbra muito facilmente com as pessoas também. Ele as admira de tal forma que pouco enxerga de ruim nelas. Apaixona-se pelos gestos, pelos risos, pelos silêncios e pelas incompreensões. Assim vive em paz o homenzinho, consigo e com todos, ele e sua mochila, carregados de ilusões e desapontamentos, numa eterna busca por onde pôr seus pensamentos, pelo tamanho de suas ações, pelo sentido completo de suas relações humanas. Eis um homenzinho.

Não se preocupe com feridas. Conviva com elas e tome minhas lágrimas.

Sustento...

Enclausurado em alcova de pensamentos e sentidos. Assim me sinto, submerso em desalento, escurecido por falta de olhares. Se quer poderei clamar por liberdade. "Não quero tanto. Basta um bocado. Um punhadinho de nada"."Perdão, meu caro. Perdão". Para que servem as remissões se careço de sentido. Meus pedaços todos ali, esparramados, sem cuidado algum. Reconheço-me, enfim. Não me juntam as partes. A costura cederia facilmente, corredio que sou. Onde estariam as janelas? Grito, apesar do silêncio engolir-me em exíguas porções. Não precisa fechar. Não há saída. Não houve entrada. Deixe um recado e volte, de feridas abertas ou não.