Minuta feita pó



I'll be mine where I place my drafts
When the desert ends

I last the dust



In shoulder to shoulder, Little Joy
Composição: Rodrigo Amarante e Fabrizio Moretti




Atenho-me a estes versos de
shoulder to shoulder para ratificar a razão de existência deste modesto blog que torna a despertar minhas atenções. Sim, depois de me abranger, assim desejo ser-me... andar suspenso no ar, depositar-me sobre todas as coisas e todos os outros. Ser tênue, mínimo para atingir o máximo, pleno e colocar-me em rascunhos, minuta, pura minuta, pronta para ser apagada e melhorada.

GLOSSÁRIO Dust = pó = porção de tenuíssimas partículas que andam suspensas no ar e se depositam sobre os corpos.

Regis Torquato Tavares

Havia um grande furo na minha mão?

10 de janeiro de 2008. Data da última postagem deste sofrido espaço midiático. Sofrido, sim, e por culpa minha, confesso, mas demonstro-me realizado por completo só de relembrar todo este vácuo entre 10/01/08 e 25/03/09, exatos 439 dias.



Fechado por placas pregadas por fora. Assim me sinto. Contando os dias, detalhando meus passos. Sensação de que me observo em microscópio, aumentado dezenas de vezes. Quantas vezes não reconheço este Souza que desliza num líquido viscoso. SOU, TODAVIA NÃO PODE SER EU. [capitulares por minha conta].



Como Souza, personagem com um furo na mão de Não Verás País Nenhum, de Ignácio de Loyola Brandão, sentia-me assim. Estranhava-me, pois era, mas não podia de modo algum estar sendo. Eu? Logo eu? Sendo? Um completo absurdo.



Até que continuo sendo querendo não estar sendo, mas não me incomodo mais. Um estranho entendimento substituiu um incômodo incômodo. Não pode ser eu, mas sou, e me encontro em profundo regozijo por isso. Profundo regozijo.



Sobre o sofrido espaço, tentarei com afinco atenuar suas dores.

Sobre Não Verás País Nenhum, além de muito recomendar, até empresto, se quiser.

Sobre o furo na minha mão, ainda persiste. Mostro-lhe se queres realmente o ver.