Passeio gigantesco...


Geralmente aos domingos. Passeios não muito longos; uma visita resolvida na hora, uma saída para um sorvete. "Papai, me leva na cacunda!". Olhar sem expressão definida, daqueles desconfiados - quase sempre é assim . Não falava nada. Mãos firmes e pesadas sob as axilas. Momento sublime, suspenso, no ar, apenas como um menino com vontade de ser grande, tão grande como um pai. Perninhas tolhidas, miudinhas, devidamente encaixadas sobre o dorso paterno. A altura vantajosa, as possibilidades visuais. Imponente. Como um gigante. Sim, um gigante, a enxergar um mundo por ângulos nunca antes vistos, por ninguém. Ângulos tão prazerosos a ponto de estarem eternizados nesta minha falha* memória. Um cortejo carregado de portento é verdade, mas inocente, terno, como devem ser os passeios.


*Canalizo meus pensamentos de modo a manter uma certa qualidade de vida, disse eu mesmo a ela mesma hoje cedo.
Vontade de passear. Pra qualquer lugar. Não faz mal, pode estar chovendo. E posso carregar alguém em meu dorso. Há tempos desejo fazê-lo.

Bom Passeio!

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