Vinte minutos e acenos

As rodas se jogam contra o chão, o vento contra a tez castigada. O sol indo, o lilás, todo sereno, invadindo o firmamento.
- Tá olhando o quê? - indagaria o menino.
Miudinho que só, chuteira pendurada nas costas. Todo desconfiado. A senhorinha nem precisou apontar. Já viu que eu também apreciava o rastro arco de fumaça de avião rasgando o céu redondo.
- Bonito, né? -  abriu o sorriso.
As pedaladas continuam. Muito verde no caminho, rostos demais por aparecer. Hora de deixar o colégio. Eles brincam uns com os outros, elas lançam olhares e sorrisos. Opa! Alguém acena em forma de buzina. A película não ajuda. Tem de desviar das linhas, os losanguinhos todos afoitos.
- Pode passar, senhora.
Nem precisa dizer obrigado. O sorriso já é o bastante. Até a criaturinha se alonga. Apontar e correr. Não precisa pressa. Pronto. Já dei a volta. A vizinha incansável ainda passa as últimas vassouradas nas calçadas e nos pés do asfalto.
- Tudo bem?

Nenhum comentário: